Um dia você viu as fotos de viagem da sua cunhada em Aruba e pensou: “como pode Pafúncia ter ido pra um lugar tão lindo e voltado de lá com fotos tão ruins?”
Chegou a hora de ter a resposta pra isso.
Nesse guia você vai descobrir como voltar até de uma viagem nos paraísos do nordeste sem nenhuma foto de praia que se salve.
Afinal, como tirar fotos muito ruins nas viagens?
Já existem ótimos guias de como tirar fotos boas em viagem, então vamos explicar em passos simples como tirar fotos ruins, porque tenho certeza que você sempre quis voltar de viagem com a memória da câmera cheia de fotos não aproveitáveis.
Passo 1: acreditando que não é possível variar a posição da câmera
Tem gente que acredita que só pode mirar reto a câmera pra um lugar e pá, bater a foto. Cabou.
Parece que a pessoa tem medo da câmera morder ela, caso faça um movimento muito brusco.
Inclinar um pouco o ângulo pra um lado, botar a câmera mais abaixo, botar a câmera mais acima, apoiar a câmera numa mochila, pendurar ela numa árvore, mirar ela pro céu, ficar na ponta do pé, se abaixar: não faça nada disso, seria um verdadeiro insulto.
Fique imóvel, apertando repetidamente o botão, sempre no mesmo ângulo.
Daí depois é só chegar em casa e se queixar que as fotos estão todas iguais.
Como voltar com fotos ruins da viagem – parte 2: entregue sua câmera na mão de um estranho, não explique como ele deveria tirar a foto, e depois reclame que ele não tirou a foto do jeito que você queria.
Afinal, ele deveria ler sua mente. Onde já se viu um negócio desse?
Parte “2.1” pra voltar com fotos ruins da viagem: quando alguém estiver tirando fotos suas…
Tensione os músculos do rosto como quem acredita que a câmera apontada pra você é na verdade uma arma disfarçada. Pisque bem na hora da foto. Coce o nariz. Faça cara de descontentamento e fome, mesmo que você tenha acabado de comer 7 kg de pudim.
Ou faça como eu, que resolvi fazer cara de quem tava falando “funil” bem na hora da foto:
Depois reclame que você saiu mal (ou “igual em todas as fotos”) por culpa de quem fotografou.
Não mude o ângulo do rosto, não ofereça expressões e posturas diferentes pra quem está te ajudando a fotografar. Não dialogue com quem fotografa. Odeie estar ali (mesmo que você esteja num lugar maravilhoso, de férias e só tendo o trabalho de ficar na frente de uma câmera). Mantenha o corpo imóvel sem variações de poses.
É assim mesmo que se faz, pode confiar.
“Mas eu odeio tirar foto!”
Acho que quando a gente odeia tirar foto, o sentimento acaba sendo recíproco. Você sente como se a câmera te odiasse ainda mais, quando vê as fotos em que saiu.
Isso porque câmeras e fotógrafos não fazem o trabalho sozinhos. Do contrário, o fotógrafo milagrosamente faria até seu poodle de 16 anos vender tantos biquinis quanto a Gisele Bündchen nas fotos dele.
Pra não sair tenso em uma foto, a gente precisa se acostumar com a ideia de tirar elas – e se parar pra pensar, isso vale pra qualquer coisa na vida. Se você tiver muito pavor de câmera, dá uma “treinada” antes. Vai se habituando à ideia de estar na frente (ou por trás) de uma.
Dica 3 pra lotar a câmera com fotos ruins na viagem: ignore a paisagem
Você chega naquela praia paradisíaca do nordeste, de mar tão clarinho que você achava que só veria no Caribe e se empolga todo pra tirar uma foto.
Mostrando o mar?
Não.
Mostrando só sua cara, dane-se o mar.
(pra que mostrar o mar de Alagoas? esconda ele todinho)
Selfies em lugares lindos que não mostram absolutamente nada dos lugares lindos são a melhor maneira de desperdiçar um elemento que tornaria a foto muito melhor: a paisagem.
Você pode tirar selfie? Deve (a câmera é sua), mas aproveitar a paisagem poderia tornar a selfie ainda mais legal.
Mas já que estamos falando de como tirar fotos ruins, pra que mostrar um pouquinho daquele lugar paradisíaco, não é mesmo? Mostre só os seus poros!
[Já que estamos falando sobre o que não fazer, já abre em outra aba pra ler: o que eu NÃO devia ter feito no Chile]
E selfies são ruins?
Quase todo mundo gosta de implicar com selfies, da mesma forma que, lá no fundo, essa mesma quantidade de gente implicante gosta de tirar uma. Ou seja: a verdade é que essa é a “modalidade fotográfica” preferida de quase todo mundo. É inclusive a que mais rende engajamento no instagram (falei mais sobre o instagram aqui em “9 verdades cruéis do instagram”).
Então se você quiser, pode e deve tirar 170.000 de selfies na sua viagem (a viagem é sua e a memória da câmera também), mas tente captar nessas fotos nem que seja um pouquinho da paisagem também, e não só a sua cara.
Aqui, por exemplo, é uma selfie em que dá pra perceber como a água do lugar em que eu tava era incrível:
Amplie o ângulo. Pode ser que você queira só mostrar seu piercing novo, mas pega também pelo menos um pouco da montanha no fundo, do mar azulzinho, dos campos verdejantes, até pra ter recordação do local, porque foto só do piercing você pode tirar no banheiro de casa depois.
Como voltar com fotos ruins na viagem – dica 4: seja ruim de matemática
Você quer voltar com 400 fotos boas da viagem.
O que você faz?
Tira 17 fotos a viagem inteira.
E acha que já é muito. Afinal, foram 17 extenuantes vezes diferentes que você apertou aquele botão (sempre na mesma posição, no mesmo ângulo, com a mesma iluminação ou fazendo a mesma cara). Muito esforço, realmente.
(Passa essa foto no instagram pro lado pra ver quantas tentativas frustradas foram feitas até sair uma ok – e ainda assim não postei todas as ruins, porque tenho dignidade)
Como tirar fotos ruins na viagem – dica 5: esperando o sol de 12h
Aaah, o sol de meio dia… Como é bom tirar fotos nesse horário.
Não só porque todo mundo fica com dificuldade de abrir o olho, inevitavelmente franzindo a testa e com cara de sofredor nas fotos, mas porque a luz incide de uma maneira maravilhosa (não) sobre os rostos e lugares, fazendo tudo e todos (até seu poodle, novamente) ficarem sensacionais.

Pra dar uma noção da diferença que iluminação faz, essa foto foi tirada no mesmo dia, no mesmo lugar, minutos depois, mas debaixo da sombra das árvores, sem incidência direta do sol de 12h:
Como tirar fotos ruins na viagem: edição 8 ou 80
Tem gente que quer ter fotos iguais às daqueles fotógrafos profissionais que passam horas e horas (e horas) trabalhando no processo de escolha da locação, iluminação, ângulos, fotos e finalmente, de tratamento e edição. Mas não quer fazer qualquer tratamento simples numa foto.
E tem gente que edita tanto uma foto que a vó fica parecendo a irmã mais nova da Barbie.
O caminho ideal seriam as edições que podem fazer diferença sem serem enganosas, como um corte que dê atenção ao elemento principal da foto, um ajuste no ângulo naquela foto meio tortinha, uma mudança que se faça necessária no contraste, iluminação, saturação, nitidez ou temperatura, pra dar aquela melhorada. Ou até aquele filtrinho maroto mesmo, numa % não tão alta.
(por incrível que pareça eu não editei a cor dessa água, era realmente assim – falei sobre esse lugar aqui: 5 lugares terrivelmente lindos em Alagoas)
Ou seja, não é pra editar formas ou descaracterizar pessoas ou lugares (até porque todo mundo percebe aquela paisagem totalmente diferente, aquela cintura que diminuiu 700% em 2 dias, e todo mundo sabe que o olho da Gertrudes não era daquela cor até ontem e que o céu do Rio de Janeiro não é tão estrelado – e isso pode “queimar” mais do que melhorar uma foto).
Mas pode fazer aperfeiçoamentos, que tem potencial até pra deixar fotos mais próximas à realidade, já que às vezes câmeras não captam quão bonitas algumas coisas são.
(e o mar de Aruba era realmente dessa cor também, não foi edição!)
Enfim, é realmente difícil, pra todos (me incluo), achar o meio termo, mas o ideal seria enxergar edições como uma maneira de tornar uma foto mais agradável aos olhos, e não sobre tornar fotos mais enganosas aos olhos.
Só que você está aqui nesse guia porque quer tirar fotos ruins, certo?
Então continue colocando 900% de filtro em toda foto, tascando 800% de blur na sua cara e transformando sua vó na Skipper, deixando o céu de São Paulo mais limpo e com mais estrelas do que o do Deserto do Atacama ou então não fazendo absolutamente nada e postando suas fotos mesmo quando estão tortas, turvas e descentralizadas mesmo (reclamando em seguida que aquele fotógrafo que trabalha horas nas fotos dele teve mais curtidas).
Como tirar fotos ruins na viagem: imite a exata posição/ângulo/cena que viu em outra foto
Afinal, todo mundo gosta de ser copiado, então bora fazer com os outros o que gostaríamos que fizessem com a gente.
Aqui cabe diferenciar inspiração de cópia/chupar uma ideia. No fundo, todo mundo sabe a diferença.
Se essa diferença é nítida na sua foto, você segue de consciência tranquila. Se não houver diferença notável, é só lembrar que você é capaz de extrair ideias da sua própria mente, de trabalhar a sua aptidão pra criar. Vai ser muito melhor sentir que você tirou uma foto boa, do que sentir que você copiou uma foto boa.
Aliás, lembrei que esse guia é pra tirar fotos ruins.
Então esquece.
Copia mesmo.
[Aproveita e já abre em outra aba pra ler depois daqui: 9 “verdades cruéis” do instagram]
Como tirar fotos ruins viajando sozinha: acredite que só existe seu braço de possibilidade
Você vê as fotos sensacionais daquela moça que viajou sozinha pra Singapura e carregou um tripé, um pau de selfie, um apoiador de câmera em lugares inusitados, capa pra tirar foto na água e principalmente, coragem pra pedir pra vários estranhos tirarem fotos pra ela – explicando sempre como gostaria que as fotos fossem tiradas e em que ângulo exatamente posicionar a câmera.
Durante a viagem ela apoiou a câmera em lugares impensáveis, esticou tanto o braço que se sentiu numa aula de yoga, abusou do timer, variou de expressão e posição 70 vezes e consequentemente passou bastante vergonha no meio da rua, tirou tantas fotos que vai passar mais tempo selecionando as melhores do que o tempo que passou na própria viagem, coitada.
Daí você quer voltar pra casa com fotos tão legais quanto.
Mas sem fazer nada disso.
Não sei bem o que te dizer. Mas se conseguir me avisa.
Conclusão desse guia pra tirar fotos ruins
Se você quer tirar fotos melhores nas suas viagens, atente mais pras suas e não se preocupe tanto em esculachar as da sua cunhada lá do início do texto. Pafúncia voltou feliz da viagem, isso que importa.
Por mais que uma paisagem deslumbrante se apresente na sua frente, sua foto nela só vai ter algo especial se você não tiver medo de tentar bastante e explorar realmente as suas ideias (as suas, não as da sua outra cunhada, a Arlinda Pafúncia, que voltou com fotos ótimas). Se você fizer amizade coma câmera.
E se você não ficar tirando fotos só entre 12h e 14h. Como essa aqui, em que você pode perceber que eu tô visivelmente com muita dificuldade pra abrir os olhos:
(Sol das 12h, cordinha de segurança atrapalhando a paisagem e esse sorriso bocó alegre que eu tava dando = fórmula infalível pra estragar qualquer foto)
Aliás, veja também esse tutorial aqui, de como tirar fotos boas nas viagens sem viagens:
Sua vez!
Tem mais dicas pra tirar fotos ruins em viagens? Ou você tira fotos boas? Fica à vontade nos comentários!
E segue o 1 viagem, 2 visões no instagram pra criticar minhas fotos lá também.
Sensacional, me diverti muito com as dicas!
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E eu sorri lendo esse comentário, que bom saber disso!
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