O que achei de Tiradentes (a cidade, não o inconfidente)

Eu tenho uma história triste com Tiradentes: não guardei nenhuma foto que tirei lá. Um belo dia meu pc fez puf – coisa que é de se esperar de computadores mesmo – e perdi todos os registros da cidade.

Quer dizer, até tenho umas fotos ainda: quase todas de cachorros.

cachorro alfafa em Tiradentes.jpg
tipo essa

Isso porque os cachorros de Tiradentes eram realmente adoráveis e mereciam muitas fotos. Então, entre as tantas (TANTAS) fotos de cães tiradas, algumas sobreviveram…

Esse aí em cima, por exemplo, além de parecer o Alfalfa de Os Batutinhas, era quase onipresente. Seguia bastante você pelas ruas da cidade, querendo sempre mais carinho.

Grande Alfafa. Espero que alguém tenha adotado ele à essa altura.

Primeiras impressões de Tiradentes – além dos cães

Há exatamente 225 anos, Tiradentes era enforcado. E hoje, quando esse dia chega, geralmente eu só penso “QUE DIA LEGAL, ESTOU DE FOLGA!”. Meio trágico quando a gente pára pra pensar no significado dos feriados: ele morria hoje, quando a gente costuma estar só bem feliz pelo feriadão.

Em homenagem a Tiradentes, uma cidadezinha até mudou de nome.

Cidadezinha, aliás, que já teve um monte de denominações: Arraial Velho de Santo Antônio, Vila de São José do Rio das Mortes e São José del-Rei. Definitivamente Tiradentes é o melhor dos nomes aí (e o que menos toma tempo pra escrever), então além de uma homenagem merecida, foi uma troca sábia.

Lembro que a primeira impressão que tive chegando na cidade foi o sotaque forte e adorável dos habitantes.

Deveriam tombar aquele sotaque. É quase que uma atração a parte ouvir os tiradentinos falando. E por sorte eles costumam ser bem falantes mesmo.

A segunda impressão foi: Ô cidade horrível de caminhar.

Aquelas ruas de pedrinhas no centro histórico, eu nunca vi nada igual. Com “pedrinhas” estou sendo bondosa: são (ou eram?) pedregulhos enormes, tortos e espalhados de forma desarmônica.

As pedras, além de irregulares, também eram escorregadias. Algo que te faz soltar um “tá de sacanagem com a minha cara” enquanto você caminha, e desafia o equilíbrio de qualquer pessoa (dica: sola antiderrapante faz falta).

[Mas cabe avisar que conheci Tiradentes antes do processo de revitalização do calçamento, então não sei se a coisa mudou muito de lá pra cá. Espero que esse problema já esteja superado quando o relato for ao ar, e que a cidade já seja mais acessível]

O que fazer em Tiradentes
Essa foto aqui dá uma vaga noção do chão de lá

O triste é que o chão não desafia só você: aquele calçamento irregular desafia especialmente os que precisam de verdade de ruas acessíveis pra se deslocar.
Quem tiver ido lá depois de 2016 pode contar se a coisa melhorou significativamente. Queria muito ler isso.

O clima em Tiradentes

Tiradentes tem um clima intrigante. Você se sente preso num microondas de dia, e passa um friozinho de noite e de manhã.

Daqueles lugares que você vai de short, mas é sempre bom levar um casaco.

Como já falei nesse post aqui, a cidade lembra muito uma versão brasileira de Santa Fé de Antioquia… ou Santa Fé que é a versão colombiana de Tiradentes, não sei. Mas em Tiradentes é como se você estivesse jogando Santa Fé no modo hard pra caminhar (e easy no clima, já que é bem menos abafado).

E acabei de perceber que até agora só esculachei a cidade, o que é bem injusto. Vamos falar sobre as coisas boas também então.

O que fazer em Tiradentes

A cidade é ideal pra quem curte respirar história. Você realmente se sente caminhando pelo passado por lá. Mais especificamente tropeçando pelo passado, por conta daquele chão.

Se você já foi pra Paraty e curtiu bastante, pode confiar que vai curtir Tiradentes também (que é inclusive chamada por muitos de “Paraty sem mar”).

Lá é beeem bonitinho mesmo, conservado, e tem uma atmosfera de simplicidade e tranquilidade gostosa. Perto da cidade você também tem opções de cachoeiras e muito eco turismo, mas não fiz nada disso, então não posso opinar tanto.

E tem também Bichinho, uma cidade pequenininha (bem pequena mesmo) colada em Tiradentes, cheia de ateliês de arte. Se você gostar muito de artesanato, a bons preços, vai curtir dar uma chegada lá. É bem rapidinho de uma cidade pra outra.

Cachorros em Bichinho Minas Gerais.jpg
e em Bichinho você vai ver mais cães nas ruas ainda (que são lindos, mas é desesperador ver tantos abandonados)

Lá tem também aquela Casa Torta famosa de Bichinho, que rende fotos divertidas – não tenho foto lá, mas confia, as fotos costumam sair legais, vá lá tirar se você curtir.

A Casa também tem um espaço bem bacana pra crianças. No caso, crianças de 0 a 87 anos, porque todo mundo gosta e se diverte lá.

Os sons e os cheiros de Tiradentes

Em Tiradentes, durante o dia você vai ouvir com frequência o som dos cavalinhos galopando (POR AQUELE CHÃO HORROROSO, mó maldade!…. realmente tô precisando superar esse chão), durante a manhã talvez você ouça o som dos galos cantando, e durante a noite você vai ouvir coisas como “nessa casa tem goteeeira, piiinga ni miiim!” em feiras que concentram um público grande e vendem pastel, quentão e caldo de cana ao som de clássicos assim.

Nessas feiras também vai ter um (ou dois, ou cinco) cachorro(s) desesperado(s) por comida, tentando pegar um pedacinho de pastel que venha a cair no chão… o que é bem triste, e vai te dar vontade de adotar todos (se possível faça isso mesmo).

Durante o dia você vai ver feirinhas que vendem muitas coisas adoráveis, como chaveiros de pano do Homem de ferro, do Hulk ou do Thor. Pulseiras delicadinhas de pedras (que vão quebrar em 2 meses), e muitas outras coisas.

AAAH, e a comida… a comida é boa mesmo. Comida mineira, né. Não tem erro.

Vale a pena ir lá pra comer feito um doido (até porque você seria doido é se não comesse).

Então Tiradentes tem basicamente sons de cavalinhos galopando, galo cantando e cheiro de comida gostosa. Lugar agradável.

Como chegar em Tiradentes

Indo do Rio de Janeiro, de carro, são aproximadamente 5 horas de viagem (a cidade é mais próxima que Ouro Preto, aliás), no sentido Belo Horizonte.

Já de Belo Horizonte, umas 3 horinhas de carro, no sentido Rio de Janeiro (me senti a capitã óbvia escrevendo isso).

Querendo ir de ônibus, você tem que ir pra São João Del Rey primeiro. Mas relaxa, que é bem pertinho de Tiradentes mesmo, e tem ônibus pra caramba pra lá. Você também pode chegar em Tiradentes de Maria fumaça, pegando em São João, que deve ser mais divertido ainda (no Casa de Doda você pode ler sobre a experiência de Maria Fumaça, e inclusive ver FOTOS bonitas, coisa que ficou faltando nesse relato aqui).

Veredito de Tiradentes

Nunca vi alguém voltar de Tiradentes e falar que não gostou. Na verdade, nunca vi alguém voltar sem falar que adorou. Então você provavelmente deve adorar também.

Eu, infelizmente, fui um combo breaker: não cheguei a adorar a cidade. Acho “adorar” uma palavra forte pra descrever o que senti.

Achei a viagem agradável e a cidade realmente bonitinha (com o chão realmente terrível) e bucólica. Vale a visita, e você pode aproveitar pra fazer um circuito entre as tantas cidades históricas bonitas de Minas Gerais.

o que fazer em Tiradentes - olha que ponei lindo
já valeu a pena por ter conhecido esse pônei

Até o próximo post, e aproveitem bastante o feriado de Tiradentes – é o mínimo que a gente pode fazer em homenagem a ele – morreu lutando por menos impostos, e hoje a gente tá aqui pagando mais ainda (ah, por falar nisso: na cidade tem uma estátua bacana dele!).

Querendo ler mais sobre algum lugar, é só checar as categorias no menu lá em cima!

Siga também o 1 viagem, 2 visões no facebook e no instagram, e se você já foi ou tem vontade de ir pra essa cidadezinha, manda sua experiência ou dúvida nos comentários, que são sempre muito bem-vindos!

12 comentários sobre “O que achei de Tiradentes (a cidade, não o inconfidente)

  1. Oie!!! Terei de concordar contigo sobre o chão de Tiradentes. Eita que pra escorregar é só piscar! Fui em 2012 e amei. Ficamos em SJdR (São João del Rei!!!) e dai fizemos o passeio de Maria Fumaça, que é bem bacana. E sim, tinha carrocho pra caramba nas duas cities, o que cortava meu coração, por que também amo dogs e por mim recolhia todos e levava pra casa. Gostei do post! Beijos, bom feriado… Ahhh lá no blog eu tenho um post falando desse passeio – “São João del Rei e Tiradentes, pelos trilhos da história”… Beijos

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  2. Oiiiii! Amando seu blog é mais Ainda os textos! Com certeza serei presença assídua por aqui… adoro leitura 🙂 Quanto a Tiradentes, bom, minhas mãe é mineirinha das bandas de lá. São Vicente de Minhas… pertinho de Tiradentes. Cresci passando minha férias por lá. Mesmo assim nunca tinha ido até Tiradentes, só até São João Del Rey. Em 2015 fui com meus cachorros. 3!!!! Quase sempre viajamos com a turma que tá maior agora 🙂 E Tiradentes realmente é linda, povo hospitaleiro. Gostamos muito, mas só tenho uma lembrança de lá que martela na minha mente até hoje… os cachorros abandonados e os cavalos cansados nas charretes. Foi difícil para mim, muito difícil. Não sei se voltaria apesar de todo o encanto do lugar. Grande abraço

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    1. Que coisa linda ler esse seu comentário aqui, Lu!
      E você ainda viajou COM 3 CACHORROS!!! Acabei de escrever sobre o “dilema” de adotar e viajar, e você tá aí como prova viva que não existe dilema, adorei! hahaha
      A questão dos cães abandonados e os cavalos sofridos realmente tira muito do encanto da cidade… é difícil ficar feliz por lá vendo aquilo. E a cidade é um chuchuzinho mesmo, bem lindinha.
      Muito obrigada novamente pela visita e comentário!

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  3. Estou em tiradentes em pleno 2019, e sim, a cidade horrível para andar. E existe MUITOS animais de rua, muito triste! Me parte o coração! Mas varios habitantes me disseram que o próprio comércio coloca ração em tubos para eles, bom, menos mal. Eles são extremamente dóceis, e tem muitos cachorros mesmo! E nesse frio, ficam no frio mesmo, é triste!

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  4. Esqueci de comentar, em Tiradentes, a cidade em si, o centro histórico é lindo, mas muitos animais de rua, muitos mesmo. E sem dizer na covardia que é ver aqueles inúmeros cavalos de carroça pra levar turistas, naquelas ruas de pedra, eles escorregam, é de partir o coração! Antes de ir a Tiradentes, passei por Capitólio, pra ver os Canyos, e lá não foi diferente, muitos cachorros de ruas, fiquei hospedada em um condomínio e lá era cheio de cachorros de rua tb. Depois fui a Congonhas, e lá não é diferente, cheio de cachorros de rua. Amanhã vou a Mariana e Depois Ouro Preto, e acho que nesse quesito não seja diferente!

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    1. Muuito obrigada pelos comentários e por compartilhar sua experiência, Cestas! A questão dos cavalos, daquele chão e dos cachorros é realmente de doer o coração. Aqui tem um relato de Capitólio: https://1viagem2visoes.com/2016/04/05/canyons-de-capitolio-ou-levamos-26-horas-pra-chegar-mas-valeu-a-pena/
      Não vi cães de rua lá, uma pena saber que a realidade é a mesma. Depois me conte sobre Mariana e Ouro Preto, e boa viagem! Um beijo e volte sempre por aqui!

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